Quando aparece um resultado nas análises que indica a existência de valores de colesterol pouco saudáveis, as primeiras medidas tomadas são no sentido de tratar o sintoma.
Nesse sentido e, no caso específico do colesterol alto, as diretivas clínicas apontam no sentido de sensibilizar para a alteração dos hábitos de vida (nomeadamente prática de atividade física e alterações na dieta) e medicação. Apenas em alguns casos específicos, em particular quando há suspeita de hereditariedade, é feito um estudo mais aprofundado.
No entanto, existem algumas patologias que podem ser a causa das alterações no colesterol e que nem sempre são avaliadas. É o caso do hipotireoidismo.
O que é o hipotiroidismo?
O hipotiroidismo é um desiquilíbrio do funcionamento da tiroide que tem origem em desajustes hormonais. Normalmente, ocorre por ação do sistema imunitário que, em algumas situações ataca a glândula tiroide, interferindo na sua produção de hormonas. Alguns tratamentos médicos podem também conduzir a alterações deste tipo. Existem ainda casos raros, de hipotireoidismo congénito, normalmente diagnosticado com o famoso teste do pezinho.
A sua prevalência é maior em mulheres do que em homens. Os sintomas são diversos e abrangentes uma vez eu as hormonas da tiroide regulam o funcionamento de grande parte de todo o nosso organismo.
Se sentir cansaço permanente, raciocínio e fala comprometidos com frequência, depressão, inchaço dos membros inferiores, batimentos cardíacos alterados e funcionamento lento do intestino contacte um médico para uma avaliação exaustiva, pois a base pode ser a tiroide.
Valores de colesterol elevados a par com outro sintoma relevante podem também constituir um pouco de partida para uma avaliação de hipotireoidismo.
Como o hipotiroidismo causa colesterol elevado?
A hormona da tiroide tem funcionalidades abrangentes e uma delas está relacionada com a produção e regulação dos lípidos no corpo humano.
A produção da enzima HMG-CoA redutase é estimulada pelo fígado. Uma vez que esta proteína tem uma relação direta com o metabolismo do colesterol no fígado, quando a sua síntese é alterada, obviamente isso tem um impacto nos valores de partículas LDL e HDL.
Sabia que, por exemplo, as estatinas (medicação utilizada para reduzir os índices sanguíneos de colesterol) atuam diretamente na inibição da enzima HMG-CoA redutase?
Mais ainda, a hormona de tiroide pode interferir na expressão dos receptores de colesterol LDL na superfície das células, em particular das células do fígado. Resultado: pacientes com hipotiróidismo tem uma menor quantidade de receptores de colesterol LDL e este acaba por se manter na corrente sanguínea estando mais disponível para deposição nas artérias.
A hormona da tiroide pode ainda influenciar a absorção de colesterol no intestino.
Novos estudo, novos dados sobre o hipotiróidismo e colesterol
Estudos publicados na American Thyroid Association levaram as investigações sobre o tema bastante mais a fundo. Sabia-se previamente que os níveis da hormona tiroidiana afetam os níveis de colesterol. A nova investigação sugere que o TSH (responsável pela produção da hormona da tiróide) também pode afetar os níveis lipídicos de uma forma que é independente dos níveis hormonais da tiróide.
Estes dados podem ser importantes para auxiliar os médicos a decidir se os pacientes com níveis de TSH no limite superior do intervalo normal podem ter maior probabilidade de ter níveis elevados de colesterol. Mais estudos precisam ser realizados mas este é um dado importante para o diagnóstico e tratamento do futuro.
Se acabou se obter um diagnóstico de colesterol alto, faça um estudo mais aprofundado sobre a sua saúde para resultados mais efetivos.
Fontes: